quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Quem é o bom samaritano?


No texto que está em Lucas 10:25-37, Jesus nos conta a parábola do Bom Samaritano; uma figura conhecidíssima pelo seu ato de bondade gratuito para com aquele que o próximo. Muito também se ensina sobre este texto com um foco em ação social, em como podemos e devemos ajudar àqueles que são necessitados e que estão próximos de nós. Muito também pregamos e ouvimos sobre aqueles que passaram de largo, que se afastaram, e não fizeram nada. Muito nós somos ensinados sobre essa atitude, de como nós, igreja, não devemos nos afastar, nos abster, ou ainda nos omitir das situações, de modo que nós devemos ser o agente ativo nestas circunstâncias.




Porém, diferentemente desta interpretação que entende o texto como um quadro de ação social, neste dia quero propor uma outra leitura.


Nós não somos o bom samaritano. Jesus é este bom samaritano de que o texto fala. Nesta extraordinária parábola, temos uma miniatura da bíblia, contando desde a história da queda do homem, até a segunda vinda de Jesus Cristo. Jesus é aquele que se identificou com o próximo em dificuldades. Este homem, o homem que “descia de Jerusalém para Jericó“ (Lucas 10:30), por sua vez, representa todos nós, representa a humanidade inteira. A palavra hebraica para homem, por exemplo, é Adão. Adão representa a humanidade caída.


Jerusalém era o lugar onde Deus se encontrou com o homem. A presença do Senhor foi manifesta por um brilho de Glória no Lugar Santíssimo do Grande Templo. Ali Deus tinha comunhão com o homem. Jerusalém significa “cidade de paz“, ou “lugar de paz“. Antes que o diabo pusesse a sua mão cruel sobre a raça humana, o homem caminhava e falava com Deus diariamente.


Quando o pecado entrou, o homem deu as costas para Deus e tratou de se esconder do Senhor. Desde este dia até agora, tem se afastado de Deus, e vem “descendo” de Jerusalém (o lugar de paz, o lugar da presença de Deus) até Jericó; e Jericó era uma cidade de grande maldade; uma cidade sobre a qual foi declarado “(…) Maldito seja diante do Senhor o homem que reconstruir esta cidade de Jericó: “Ao preço de seu filho mais velho lançará os alicerces da cidade; ao preço de seu filho mais novo porá suas portas! “ “ (Josué 6:26). Um lugar sem alicerces, sem muros, sem portas. Um lugar sem proteção, onde a autoridade está destituída, e onde o inimigo tem livre acesso. A cidade de Jericó inclusive foi a primeira cidade conquistada depois que Josué passou o Jordão com todo o povo de Israel. A cidade devia ser totalmente destruída, de maneira que nem mesmo os despojos foram autorizados.


Temos que este homem ia “descendo“ de Jerusalém até Jericó. Quando o homem pecou, ele certamente “desceu”, caiu do seu estado original. Caiu da posição de glória junto com o Senhor, caiu de uma posição de relacionamento íntimo com Deus, até um lugar de maldição.


Não havia dúvida de que o homem, originalmente, se vestia com vestes de luz, a luz da Glória do Senhor. Era um brilho interior que se alastrava a partir dele. Um lampejo deste brilho que a humanidade caída perdeu foi visto em Moisés, pois quando desceu da montanha seu rosto brilhava. Enquanto Estevão era apedrejado até a morte, seu rosto brilhava como o rosto de um anjo.


Com exceção da humanidade, todo o restante da criação está vestido. Os pássaros tem plumas, os animais do campo são cobertos de couro, os animais do bosque tem pelos, os peixes tem suas escamas, e as árvores estão cobertas com folhas. Salomão, com toda a sua glória, não se vestiu como um lírio. Tão somente o homem está despido.


Na sua viagem para Jericó, este homem desafortunado caiu entre ladrões que o despojaram de suas roupas, o feriram e se foram, deixando-o quase morto. Satanás é o ladrão supremo; despojou o homem de suas vestes, e o deixou nu, sem nada que cobrisse seu pecado; destituído de toda a glória divina, destituído da autoridade que lhe era cabível.


Aquele homem foi ferido; o pecado lhe trouxe maldição, espinhos, tristeza, morte e dor; o homem não regenerado está fisicamente vivo, mas espiritualmente morto.


Isto parece ser o sugerido pela parábola, uma vez que o homem que caiu entre os ladrões foi despojado de suas vestes, foi ferido, e foi deixado, na realidade, meio morto.


Agora, perceba que o sacerdote e o levita que vieram por este caminho por acaso, ambos passaram de largo. Na realidade, eles representam a lei e o sistema cerimonial que nunca podem apagar o pecado. O “samaritano“ era Cristo. Ele não veio por acaso. Sua vinda estava ordenada desde antes da fundação do mundo. Ele também não passou de largo. Ele veio até onde o homem precisamente estava. Que preciosa verdade! Ele veio resgatar e redimir a humanidade! Veio sarar os corações quebrantados e por azeite sobre as feridas abertas. Isto não é maravilhoso?!


Cristo vem até onde estamos. Na capital ou no interior, na cidade ou no campo, nos antros do pecado, no beco, onde quer que estivermos, sempre é Cristo aquele que nos busca. Quando nos encontra, ternamente nos levanta sobre seu  peito, e vai pelo seu caminho se regozijando, como aquele pastor que encontrou a ovelhinha que se tinha perdido.


Há uma verdade ainda maior se observarmos isto. É fato que, por causa do pecado, estamos em condenação. Cristo, que não conhecia pecado, se colocou no lugar de condenação por nós. No Calvário, Ele morreu por nosso pecados; portanto, quando confiamos nEle, e no seu sangue vertido, nossos pecados são lavados e apagados para sempre. Ele veio até onde nós estávamos para que pudéssemos ir até onde ele está.


Cristo, o verdadeiro samaritano, atou nossas feridas e derramou azeite, o símbolo do Espírito Santo, por quem cada crente está selado para “o dia da redenção“ (Efésios 4:30).


O dono da estalagem deveria cuidar daquele homem resgatado até que voltasse o samaritano. “"Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez.”(Apocalipse 22:12).


O que Jesus está dizendo? O próximo na história, o próprio Jesus Cristo, teve misericórdia da humanidade perdida. E ele nos instrui a ter a mesma misericórdia. Ou seja, nós não somos parte de um sistema religioso, não temos parte com ritos, não somos daqueles que nada podem fazer. A lei mostrou o pecado ao homem, mas a lei não o pode libertar. Somente Jesus Cristo o pode fazer. Nós, igreja, somos a representatividade de Cristo. Nós somos aqueles que levam as pessoas até o bom samaritano.


Fiquem na paz de Cristo Jesus!
Saulo Oliveira Santos.

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