quinta-feira, 25 de abril de 2013

Sem pai e sem barco


“Indo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Eles estavam num barco com seu pai, Zebedeu, preparando as suas redes. Jesus os chamou, e eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, o seguiram. “ Mateus 4:21-22

Este pequeno relato sobre o chamado de dois dos discípulos de Jesus conta um fato interessante. Vejamos a condição em que Tiago e João estavam, por exemplo. Qual era a rotina deles? Qual era a sua vivência social e familiar? Eles estavam em pleno exercício de sua profissão; tinham relacionamento regular com seu pai; vivam próximos de sua família.

Estas coisas são, normalmente, muito importantes para qualquer ser humano. Muitos, por exemplo, mesmo tendo oportunidades de trabalho em outras cidades, jamais se deslocam de sua cidade de nascimento porque ali está seu pai e sua mãe. A profissão também é um fator delimitador bem expressivo, pois somente se pode exercer uma profissão onde existirem oportunidades adequadas. A troca de profissão, então, é uma decisão a ser pensada com muita cautela, porque são muitos os riscos envolvidos.

Para Tiago e João, no entanto, tem-se a impressão de que não houve sequer consideração por nenhum destes fatores. Do contrário, simplesmente deixaram seu pai e seu barco; simples assim. Veja que Tiago e João não apenas acreditaram em Jesus e se tornaram interessados no cristianismo, como sendo uma boa filosofia de vida. O chamado de Jesus era que eles o seguissem.

Pensem comigo. Era possível que os dois fossem seguindo a Jesus, puxando o barco e o pai deles atrás? De maneira nenhuma. Assim, podemos aprender pelo exemplo deles, que seguir a Jesus envolve desfazer alguns laços. Não é possível seguir a Jesus levando o pai e o barco junto.

Não quero que pensem que incentivo o rompimento de laços familiares. Antes, quero fazer uma aplicação aqui trazendo um paralelo do que pode significar deixar o pai e o barco:
  • O pai é o progenitor, o pai biológico; nós somos gerados pela semente biológica; o pai também é aquele que ensina os valores e os princípios do mundo; veja que ambos trabalhavam com seu pai, ambos aprenderam a profissão de seu pai.
  • O barco representava a profissão deles; o trabalho, o esforço do homem, o gerador de renda e recursos. Para eles o barco era a maneira de garantir a continuidade da sua vida e de sua família.

Eles tinham um olho no pai, e um olho no barco. Dependiam dos valores e tradições familiares. Confiavam a sua vida em seu próprio trabalho. Deixar o pai e o barco representam, aqui, tirar estas coisas do controle da nossa vida. Significa não mais valorizar estas coisas acima de Jesus Cristo. Significa considerar a Jesus Cristo acima de nossos valores, tradições, vida social, e também mais importante do que trabalho de nossas mãos. Eles não puderam seguir a Jesus segurando estas duas coisas, e também nós não o conseguimos seguir enquanto tivermos estas coisas como prioridade.

Podemos ser apenas interessados em Jesus e seguir com nossa própria vida, mas somente podemos ser seguidores dele se deixarmos nosso pai e nosso barco. Se pudermos colocar os nossos olhos nEle, a Ele honrar, e nEle confiar, acima de todas as coisas.

Fiquem na paz de Jesus Cristo!
Saulo.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Segue-me



Quando andavam pelo caminho, um homem lhe disse: “Eu te seguirei por onde quer que fores”. Jesus respondeu: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça”. A outro disse: “Siga-me”. Mas o homem respondeu: “Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai”. Jesus lhe disse: “Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus”. Ainda outro disse: “Vou seguir-te, Senhor, mas deixa-me primeiro voltar e despedir-me da minha família”. Jesus respondeu: “Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus”. (Lucas 9:57-62 NVI)

Ao lermos o capítulo 9 de Lucas, podemos ver que foi um capítulo bastante movimentado. Jesus multiplica os pães para uma multidão, cura enfermos, é transfigurado no monte diante de três dos seus discípulos, se dirige a Jerusalém, não é aceito em uma aldeia samaritana e tem que se dirigir a outra aldeia, e por fim, no caminho, encontra estas três pessoas de que o texto nos conta.

Existem várias maneiras de nos relacionarmos com Jesus, e em todas elas sabemos que Ele nos faz o bem, Ele nos abençoa, nos alimenta, nos conforta, nos cura. De todas estas manifestações de autoridade de Jesus, entre todos os milagres, está uma manifestação mais sutil, talvez menos impressionante, menos virtuosa, porém que me chama à atenção neste momento pelo impacto que tem sobre nossas vidas.

Esta ação de Jesus é o chamado: "segue-me". Como é simples compreendermos um milagre, uma manifestação de poder, de glória, de cura divina. São de fato momentos gloriosos que marcam a história dos que estão presentes, daqueles que receberam um favor da parte de Deus. O chamado "segue-me", no entanto, é algo de muito maior profundidade, muito maior transcendência, e cuja compreensão e ação responsiva não é algo estanque, imediato, único. Porém responder a este chamado nos fazer questionar a própria essência de quem nós somos, de quais são os nossos valores, o que é importante e o que é prioridade em nossos coração.

"Segue-me". Uma simples expressão que nos leva à mais profunda reflexão. Um simples chamado com poder de atingir nosso espírito e alma de uma maneira que nunca antes poderíamos avaliar. Tantas coisas em jogo! Tantas perguntas! É Jesus nos chamando para algo mais alto, algo precioso, algo inescrutável. Ainda, no que nos mais aflige: algo que não conhecemos, algo de que temos medo, algo que nos desafia a vermos além de nossa própria individualidade.

A degradação social e moral que temos visto crescer à nossa volta, se você e eu pararmos para avaliar, vem do fato de que cada vez mais o individualismo é buscado e pregado, e cada vez menos limites existem para o que alguém pode desejar e alcançar. Entretanto estas coisas nos prendem a uma vida sem sentido, que poderia seguir seu rumo em direção ao túmulo sem conhecer nada além de si mesmo, de seus desejos, de seus egoísmos.

"Segue-me", disse Jesus. Jesus nos convida a abandonarmos o nosso próprio caminho e seguir o caminho dEle; ou melhor, o caminho que é Ele mesmo. Ele nos convida a parar de decidirmos por onde vamos andar, onde vamos comer, onde vamos dormir, quais são nossos sonhos e ambições, a fim de viver e caminhar conforme o que Ele viver e caminhar. Simples expressão, mas como uma espada de dois gumes atravessa a alma humana, nos levando aos mais profundos questionamentos.

Como eu responderia? Como você responderia? Será que somos capazes de largar o vazio de nossas prioridades de vida? Será que somos capazes de enxergar o quanto sem sentido nossa busca se torna quando vivemos em torno de nós mesmos? Será que somos capazes de atender a este chamado?

"Segue-me", Jesus nos diz hoje.